EUA, recessao e decepcao

Eu jamais em toda minha vida podia imaginar que sentiria tanta falta do Brasil especialmente de Sao Paulo como eu sinto agora… olhando o site da vejinha vi umas fotos de restaurante e comidinhas que me deram agua na boca, alem e claro de me fazer sentir muita falat de Sao Paulo…

Olhando as fotos dos restaurantes mais charmosos de Sao Paulo, dos botecos e dos barzinhos, da pra “ouvir” o barulho da musica, o burburinho das vozes, o cheiro delicioso do verao, as pessoas lindas… impossivel negar o valor de nosso pais, de nossa cultura e a alegria unica que temos…

impossivel nao comparar isso com a frieza das pessoas daqui de NY, a pressa do garcon pra que voce va embora e deixe a gorjeta, a falta de beleza dos lugares cinzas de Nova York, o atendimento precario, onde a vendedora mal olha pra voce…

tenho andado pelas ruas de Nova York e vejo como tudo e vermelho e preto, atras dos predios tem paredes descascadas, a rua e cheia de gente estranha, adolescentes que te empurram, gente que fala sozinho, restaurantes pequenos, abafados, comida sem gosto… falta sal, falta tempero, falta aquele toque magico do ponto certo, da mistura certa, as ruas cheias de caixas empilhadas….

Que contradicao, sonhamos tanto com uma coisa, achamos que a felicidade esta em se conseguir determinada coisa, e dai voce deseja isso tanto tanto que um dia consegue, so pra se dar conta que era feliz onde estava e nao sabia, so pra se dar conta que seu desejo era penas uma bolha de sabao refletindo cores…

Sera que realmente, nos brasileiros somos felizes aqui nos EUA? Ou sera que toda essa tristeza que me corta o peito e apenas porque ha muito mais dentro de mim do que posso explicar, sera apenas porque eu moro longe de Sao Paulo, ou seria uma solidao tao grande de estar sozinha longe da minha familia, dos meus amigos, da minha lingua natal?

Havera em mim o eterno “E SE”? E se a economia americana nao tivesse fracassado quando cheguei aqui, e se eu morasse na cidade e nao nesse luxuoso suburbio de Nova York, onde o silencio impera e as pessoas se escondem dentro de casa dia todo, e se a economia nao estivesse tao ruim… e se eu tivesse ficado no Brasil.

E se eu nao tivesse vindo, como eu ia saber que minha felicidade estava no simples fato de acordar, ir trabalhar, gerenciar pessoas, sair pra jantar com minhas filhas, esticar meus pes no meu velho sofa, abrir minha geladeira e escolher o que eu queria comer, ir no supermercado na quarta feira a meia noite sem pressa… sentar no barzinho com minhas amigas pedir um chope e esquecer da hora… sem pressa, virar amiga do garcon e ser sempre bem vinda?
Ir na feijoada de sabado com os amigos escutando um sambinha e toda a galera rindo, se divertindo? Dirigir meu carro 1999 ate a praia do Guaruja, tomar uma caipiroska de frutas vermelhas, um queijinho derretido no espeto, um milho verde macio e voltar no fim do dia pra casa.

Como eu ia saber que isso era suficiente pra me fazer feliz?

A vida e uma surpresa, ela e unica, e fragil, e curta…

Aquela velha urgencia, necessidade absoluta dos tempos de menina, cria corpo, me impulsiona e por pouco, apenas um pouco, comeco a ter coragem, vontade e animo pra reagir… e entao a realidade me sufoca, assim como sufoca os americanos, os hispanos a minha volta…

O que fazer numa economia quebrada, num momento de recessao?

O que fazer num pais que cria leis pra se proteger e acaba sufocando as pessoas, tornando-as robos de uma sociedade egoista….

Os Estados Unidos nao e mais o sonho dourado nem o pote de ouro depois do arco-iris… e uma sociedade estranha…

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